Fizesse frio ou calor Batista todas as quartas feiras comparecia as reuniões,
no centro espírita de seu bairro. Era sempre com muita ansiedade que aguardava,
o momento solene do passe e não admitia ir ao centro e sair sem “tomá-lo”,
mesmo que estivesse gozando de boa saúde física e psíquica.
Aprendera há mais de 40 anos com o pai esse benefício e desde então utilizava,
o recurso semanalmente. Não perdia por nada a abençoada chance de receber,
as dádivas do além.
Porém, certa vez, por diversos empecilhos Batista partiu da Casa Espírita,
sem receber o passe. Chateado, não se conformava como pudera sair sem o abençoado recurso.
Em casa sentiu-se mal, a roupa empapada de suor demonstrava que algo não ia bem.
Pensou: “ Falta do passe!” Só pode ser. Preciso urgentemente de um passe!
Chamou a esposa que, atenciosa veio rapidamente em seu socorro.
Pediu a ela que providenciasse sua volta ao centro.
A esposa, preocupada resolveu não contrariá-lo, afinal conhecia bem Batista e sua teimosia.
No entanto, antes que pudessem adentrar o centro espírita Batista desmaiou.
A consorte, preocupada com sua saúde achou mais prudente levá-lo ao médico.
Após os exames a boa notícia: Nada grave, apenas queda de pressão e passageiro mal estar.
Entretanto, Batista afirmava resoluto que sua saúde descambara,
por não ter “tomado o passe no centro”.
Indiscutível os maravilhosos efeitos do passe na recuperação psíquica e física das pessoas.
É algo insofismável. Jesus curou inúmeros obsedados utilizando sua magnífica técnica,
do passe, tão bem representada por seu amor ao semelhante.
Allan Kardec pesquisou e escreveu muito sobre o assunto,
chegando a afirmar na Revista Espírita de Setembro de 1865:
"Como a todos é dado apelar aos bons Espíritos, orar e querer o bem,
muitas vezes basta impor as mãos sobre a dor para a acalmar;
é o que pode fazer qualquer um, se trouxer a fé, o fervor, a vontade e a confiança em Deus".
Diversos autores de grande gabarito, tais como Herculano Pires, André Luiz e Emmanuel,
também se manifestaram a respeito dessa inquestionável força magnética.
Considere, entretanto, que o passe é um remédio e ninguém faz uso de remédios,
sem necessidade. Quem age a semelhança de Batista pode condicionar-se,
estabelecendo uma relação de dependência exposta da seguinte maneira:
Se vou ao centro espírita devo naturalmente tomar o passe. Não é bem assim.
Se estou bem não existe razão para receber o benefício.
O mais importante, algo de que não podemos abrir mão é a força transformadora,
da filosofia espírita tão bem explicada nas obras da codificação.
E a filosofia espírita conheceremos participando de cursos,
estudos sobre as obras básicas e complementares, seminários e, também,
prestando atenção nas palestras oferecidas pelas Casas Espíritas.
Esse o tratamento eficaz e perene, capaz de modificar as posturas equivocadas que são,
certamente, as fontes geradoras da inquietação e angustia humana.
Utilizemos o recurso do passe espírita quando precisarmos solucionar as dores do corpo,
e da alma, todavia será a aplicação da filosofia espírita em nosso roteiro de vida,
que nos permitirá viver com dignidade, gozando de boa saúde física e psíquica.
Pensemos nisso.